“O
Coliseu de Elvas acolheu, sexta-feira, uma boa corrida de Passanha, tendo-se
destacado Pedro Salvador e Marcos Bastinhas nas lides equestres e uma grande
pega dos Amadores de Monforte. Perante meia casa, Joaquim Bastinhas esteve mais
uma vez em bom plano. Boas bandarilhas curtas, um par com categoria, um palmo
com emoção e recortes recheados de tourearia, foram os ingredientes para
conquistar mais uma vez o público. Tito Semedo recebeu à porta gaiola, mexeu
com o oponente e deixou ambiente com um violino a rematar a sua passagem.
Esteve em bom plano. A primeira parte chegou ao fim com a prestação de Sónia
Matias. Após passar por uns apuros com a sua montada, a cavaleira executou uma
lide em crescendo, destacando-se o remate da sua atuação com um bom ferro
violino que agradou ao conclave. Ana Batista andou regular. O toiro ofereceu
dificuldades, pois era algo tardio no que diz respeito às investidas,
procurando, por vezes, as tábuas. O trabalho foi redobrado e não deu para
grandes luzimentos… Pedro Salvador apostou numa lide com cites de largo onde não
faltaram as batidas. As coisas resultaram e assistimos a bons ferros curtos. As
piruetas também marcaram presença e isso agradou ao público. Fechou praça
Marcos Tenório. O de Elvas deu a volta ao mansote hastado de Passanha que pedia
tábuas. Um toureio de ataque, com cites de largo e a entrar nos terrenos do
oponente, marcaram a vistosa prestação de Marcos. Viveram-se assim momentos de
emoção e de entrega por parte do público com a sua passagem. Nas pegas foram
solistas por Monforte Luis Aranha à segunda e Nuno Toureiro, na pega da noite,
ao primeiro intento. Pelos Académicos de Elvas pegaram Paulo Maurício à
terceira e Luís Machado à primeira. Em praça estiveram também os Amadores de
Coimbra, tendo sido solistas Rui Martins à primeira e José Freire à segunda
tentativa. Dirigiu com acerto Marco Gomes. (diário taurino 02/05/2015 Hugo
Teixeira)
“Corrida
de toiros no Coliseu “Rondão de Almeida” no passado dia 1 de Maio, abriu a
temporada 2015 para os Elvenses na sua praça. Um cartel interessante, face aos
nomes anunciados e ao toureio que interpretam: Joaquim Bastinhas, Tito Semedo,
Sónia Matias, Ana Baptista, Pedro Salvador e Marcos Tenorio Bastinhas. Os
touros tinham a divisa de “Passanha”, e apesar de não terem a agressividade do
passado, ainda mantêm no seu encaste dificuldades muito próprias, reveladas por
alguns exemplares em Elvas. No capítulo de apresentação e presença a corrida
“estava preciosa”. Joaquim Bastinhas foi no primeiro cavaleiro a actuar e como
já afirmámos muitas vezes o seu conhecimento do toiro e do toureio – acima de
tudo do seu toureio, que o publico quer e exige ver ao cavaleiro de Elvas,
rapidamente fica estabelecido o diálogo arena bancadas e vice-versa, uma
situação de comparar com qualquer outro toureiro, tal a continua força que
Bastinhas consegue impor ao longo de tantas temporadas. O recorte do “avião” montando
o “Amoroso”, hoje para além do par de bandarilhas, começa a ser também uma
marca de distinção no reportório de Bastinhas. E em Elvas planou duas vezes na
arena do coliseu. Notável e um exemplo, a frescura toureira deste veterano, que
nesta noite inteligentemente tapou a s dificuldades do seu adversário, com a
sua entrega e disposição para o êxito que alcançou. Tito Semedo chegou a Elvas
predisposto a bater o pé aos seus colegas, sobretudo aos Bastinhas a jogarem em
casa. Recebeu o seu toiro á porta gaiola, levou-o para os médios aí desenrolou
o seu reportório. Dobrando-se sempre com acerto e obrigando o adversário, tem
dois curtos de entrega e que lhe retribuíram os aplausos dos espectadores.
Fechou a sua actuação, como já vem sendo quase que habitual, com um ferro em
sorte de violino. Noite inspirada de Semedo, que lhe valeu os aplausos do
público e o sorriso do toureiro no final da sua actuação. Coube a Sónia Matias
o terceiro da ordem, um toiro que saiu solto dos capotes da quadrilha e
carregou com pata na montada da “baixinha”, provocando uma situação complicada
para a montada e toureira. Mas conhecendo os aficionados a capacidade de Sónia
Matias em lidar e superar rapidamente estas situações, em Elvas foi isso mesmo
– entrega e dar a volta por cima a um início de lide menos bom, foram a receita
aplicada para que o público se tenha entregado á sua actuação. Conseguiu-o e
mereceu a volta e os aplausos que escutou no final. Complicado o quarto que
saiu para Ana Baptista, parado e sempre em terrenos de tábuas, obrigou a
cavaleira a um esforço suplementar para resolver o problema. Apesar de toda a
sua entrega, denotou-se alguma fragilidade na quadra para suplantar as
condições adversas do “Passanha”. Agradou mas não deslumbrou. Pedro Salvador,
ou o renascido Pedro Salvador, voltou a fazer das suas em Elvas, com o seu
toureio de batidas, piruetas e empatia, que cria com as bancadas. Aproveitou e
entendeu as boas qualidades do “Passanha” que lhe tocou em sorteio e nos
curtos, com um ruço “Companhia das Lezírias”, montou o seu espectáculo, que o
público aplaudiu e validou premiando com uma justa volta a arena. O último da
ordem tocou a Marcos Tenorio Bastinhas e foi o pior do curro de “Passanha”. Foi
um toiro sério, mas manso, reservado e tardo a investir. No entanto Marcos
Tenorio não lhe admitiu veleidades. Não tendo um oponente colaborante, optou o
cavaleiro tirar o melhor partido do toiro, citando-o de largo, atacando-o,
entrando-lhe nos terrenos, enchendo-o de cavalo, obrigou-o assim a investir,
alcançando momentos de sobejada emoção e valor, tal a raça com que cravou cada
ferro. Foi uma lide onde Marcos Tenorio transmitiu uma segurança e maturidade
toureira, transformada em emoção, afinal um dos predicados para o sucesso junto
do público, do toureio praticado pelos toureiros de verdade. Todos nós temos os
nossos artistas, futebolistas, escritores, toureios. Indiscutivelmente em
Elvas, Marcos Tenorio Bastinhas, foi o meu “capitão”! No capítulo das jaquetas
de ramagens a noite não foi fácil. Por Monforte pegaram Luís Aranha e Nuno
Toureiro, este a alcançar um pegão no quarto da noite. Pelos Académicos de
Elvas pegaram Paulo Maurício e Luís Machado. Nos Amadores de Coimbra foram cara
Rui Martins e José Freire. O espetáculo foi dirigido pelo senhor Marco Gomes,
assessorado pelo médico veterinário Joaquim Guerra. (aficionados de Portugal –
03/05/2015)
“Esperava-se
mais público no Coliseu de Elvas. Em conta devemos também ter que pela tarde
houve tourada em Montemor e, no dia seguinte (sábado), outra em Estremoz integrada
na FIAPE 2015. Estes podem, ser factores que levem o aficionado e o público em
geral, a não poder assistir a todos os espectáculos que desejaria. Os touros
com a divisa de Passanha, deixam sempre apreensivos toureiros, forcados e até
mesmo os espectadores. Embora sem a agressividade de outros tempos, ainda
trazem no seu encaste dificuldades que foram patentes em alguns exemplares. Os
muitos anos de toureio como figura cimeira, o seu conhecimento do touro,
terrenos e da lide que o público quer ver, Joaquim Bastinhas meteu o público no
bolso com recortes toureiros, ferros de palmo e o inevitável par de bandarilhas
"exigido" pelo público. Mas não está só no que chega ao público, está
na capacidade de um toureiro, tapar um touro que exigia disposição, entrega e
conhecimento. Há poucos dias antes tínhamos visto Tito Semedo em Arronches e
francamente não nos entusiasmou. Hoje porém surpreendeu. Recebeu à porta
gaiola, dobrou-se muito bem nos médios com o touro e deixou um par de ferros a
merecer o aplauso do público e o reconhecimento do cronista. Como firma do seu
toureio, rematou muito bem com um ferro em sorte de violino em terrenos de
dentro. Não começou da melhor forma Sónia Matias com a montada em situação de
aperto pela investida brusca do "Passanha". Teve capacidade e
recompôs-se. Com a sua entrega habitual chegou ao público com uma actuação
plena de movimento e superação. Também ela, mas nos médios, deixou um ferro em
sorte de violino com grande aplauso do conclave. Não era fácil o touro de Ana
Batista, mais tardo nas saídas para os cites, agarrado ao piso (como dizem os
mexicanos) e com tendência para as tábuas. Não foi uma das grandes noites de
Ana Batista, mas esteve com dignidade perante as condições adversas. As batidas
menos pronunciadas permitindo mais ajuste nas sortes, sem tirar muito o touro
da linha de embroque, foi a receita de Pedro Salvador. É um toureiro de
carisma, que eventualmente podia ter conseguido uma outra projecção. Chegou ao
público com grande facilidade pelas sortes executadas, rematadas com piruetas
na cara do touro. O gravanzo negro tocou a Marco Bastinhas. Primou por
se defender em tábuas o "Passanha", mas encontrou pela frente um
toureiro que, tarde após tarde, se vêm afirmando, querendo ser figura do
toureio a cavalo. Tentou repetidas vezes sacar o touro para terrenos de fora
mas, como todos os touros têm lide, optou por aquilo que com grande
discernimento viu que o touro necessitava. Citou de largo, atacou o touro
entrando pelo seu terreno, obrigou-o a investir e deixou a ferragem de grande
mérito. Foram momentos de emoção, como deve transmitir o toureiro para as
bancadas. O público entregou-se ao cavaleiro de Elvas com fortes aplausos e uma
volta triunfal em final do espectáculo. Temos toureiro "para
rato". Nas pegas há sempre a expectativa de ver o comportamento dos
“Passanhas” para com os forcados. O veterano do grupo de Monforte, Luís Aranha,
abriu pelo seu grupo. O touro metia a cara mas depois colocava o forcado em
baixo. É sempre uma situação difícil que Luís Aranha resolveu ao segundo
intento. Ainda do grupo de Monforte viria a grande pega da noite com Nuno
Toureiro a ser o protagonista. O Passanha investiu com grande codícia e
empurrou até às tábuas, distribuindo derrotes estoicamente aguentados pelo
forcado. Para Paulo Maurício do grupo de Elvas, o touro não metia a cara por
direito, atirando derrotes que fez com que só consumasse a pega à terceira
tentativa. Já o seu companheiro Luís Machado encontrou menos dificuldades e
fechou-se à primeira. Pelo grupo da cidade dos estudantes (Coimbra) Rui
Martins fechou-se à primeira e José Freire à 2ª. Foi a primeira vez que vimos
nesta temporada o grupo de Coimbra que nos pareceu ser um grupo coeso e estar à
altura das circunstâncias. Dirigiu o espectáculo Marco Gomes com o Dr.
Guerra como assessor veterinário.
(planeta dos touros – 03/05/2015 Fernando Marques)