“Apesar
das muitas contrariedades, um encontro de trinta grupos corais no recinto da
Ovibeja e ainda um jogo de futebol dos "campeões", a praça Varela
Crujo registou uma boa entrada de público, que teve o privilégio de assistir a
uma grandiosa corrida de toiros.TOIROS diz-se que sem ovos não há omelete, mas
neste caso os ovos eram de qualidade extra o que proporcionou aos
"cozinheiros" dar largas à sua imaginação e oferecer aos
presentes um pitéu de bradar aos céus. De excelente apresentação e com
extraordinárias condições de lide os seis exemplares de Passanha Sobral,
honraram a divisa que ostentam "obrigando" os seus representantes a
uma triunfal volta à arena. CAVALEIROS- Tito Semedo perante produto de
ótima qualidade os marialvas responderam positivamente com Tito a tomar
iniciativa e a colocar fasquia bem alta com duas excelentes atuações. Rui
Fernandes bem no primeiro que lhe tocou em sorte, mas foi no segundo, um
toiro de campeonato que Fernandes numa atuação só ao alcance dos predestinados
"obrigou" o público a beber e saborear a essência do seu toureio. Marcos
Bastinhas tocou-lhe um lote de primeira linha com dois toiros merecedores
de lides recheadas de maestria, e foi o que aconteceu pois Marcos apesar da sua
juventude está um verdadeiro maestro impondo aos toiros lides de enorme
profundidade só ao alcance dos que nasceram toureiros. FORCADOS a primeira parte da corrida foi em
relação a pegas tão má que concordei de imediato quando alguém a meu lado
afirmou - estes hoje não merecem o jantar. Porém na segunda metade da corrida
os grupos (S. Mansos, Cascais e Beja) emendaram a mão e proporcionaram a
todos os presentes boas pegas sobretudo João Fialho dos Amadores de Beja que
realizou um pegão. JOAQUIM FAÍSCO - quando o veterano forcado dos Amadores de Cascais
saltou à arena de barrete na mão para tentar a sorte de caras, ele que é o
principal rabejador do grupo e que ultimamente raramente pega de caras redobrei
a minha atenção e foi com enorme satisfação que assisti a uma eficaz
demonstração de como se pegam toiros (quem sabe nunca esquece). Contudo a vida
de forcado é por vezes ingrata e o Faísco que até ao momento era o único cara
que justificava um bom jantar, trocou o restaurante pelo Hospital de Beja
onde foi na manhã seguinte operado pelo Cirurgião Rui Sousa a uma dupla fratura
da Tíbia e Perónio. DIRETOR - a corrida foi superiormente dirigida pelo
catedrático Agostinho Borges assessorado pela veterinária Ana Gomes que para
além da reconhecida competência é bela e simpática.” (portadossustos 05/05/2015
José Luis Figueiredo)
Quando
há Toiros, Toureiros e Forcados há festa. Pena que o público dê cada vez mais
sinais claros de pouca instrução taurina, tal a forma insipiente e fria com que
reage ao que se passa na arena, sempre que não exista folclore, saltos, braços
no ar e correria. Agridoce pode ser o sabor que caracterize a Corrida
Ovibeja 2015, pelo atras exposto. Um curro bem apresentado, com muita
transmissão, motor, raça, codicía, sem maldade, fiero e a exigir, sem
querenças. Um trio de toureiros distintos, com distintos recursos, mas que
nunca virou cara ás circunstancias, nunca tentou malabarismos para enganar o
“pagante” e chegou mesmo a momentos de acesa e saudável competição, sempre com
muita sobriedade e bom-senso. Três Grupos de Forcados que tiveram que se
aprumar depois de uma primeira parte de inadaptação a TOIROS, ao invés dos
“toirecos” que predominam nas temporadas dos Forcados atuais. Moral da
história: Uma corrida “à séria”, para apreciadores, porque houve Toiros!! Sobre
o curro de Passanha Sobral já dissemos o essencial. Grande nota no global, com
os 1º, 2º, 5º e 6º (este menos exuberante) a serem os de maior destaque, o 3º
mais reservado e com sentido e o 4º nobre mas diminuído. Triunfou com muita
força na apresentação na Praça da sua terra, com uma corrida completa, e
manteve o hábito das ultimas corridas completas que saíram (muito curta camada
em cada ano): Chamada, justa, do ganadeiro à Praça! A cavalo uma tarde
interessante no registo de cada interveniente. Tito Semedo lidou o belíssimo 1º
em tom de correção, com aprumo e maturidade de “toureiro velho”. Teve sentido
de lide e soube sair no momento certo quando o publico já se rendera a uma
acuação séria, limpa, ligada e que chegou pela via do respeito ás bancadas. No
seu segundo andou mais facilão a cuidar um toiro sem faculdades, com problemas
de mobilidade. Mais em curto, deixou a ferragem da ordem com limpeza a
"segurar" o oponente. Boa e agradável prestação, assim reconhecida
pelo publico. Rui Fernandes andou laborioso em ambos os toiros. Teve o melhor
lote e triunfou com força, está com rodagem e bem montado. Soube conduzir ambas
as lides por forma a tirar partido do bom que tinham os seus dois oponentes.
Soube ligar-se ao publico e deixar de forma variada a ferragem, com ligação e
sentido de lide próprio de que está para arrear e em pleno. Muito bem e
triunfante em ambas, com maior ambiente e harmonia perante o magnifico
quinto. Marcos Bastinhas, ainda á procura do ritmo de cruzeiro, respondeu aos
companheiros de cartel com raça e profissionalismo e chegou também a bom
nível. No primeiro esteve artista e laborioso, contornou um oponente com
sentido e a medir que apertava muito, sem malabarismos e com seriedade
lidadora. No seu segundo triunfou mais forte, com verdade, sentido de lide e em
plano artístico a arrimar-se ao público com boas execuções, variadas e
rematadas com a marca da casa. Foi mais um saudável competidor na tarde. Apenas
dois reparos: Um para a ferragem a silhas passadas em algumas
ocasiões, que a todos aconteceu. Numa tarde tão interessante pela positiva,
constituiu uma pecha a melhorar e aprumar. Outro para o facto de, não se dar
primazia de investida a toiros que deixaram vontade de ver com mais "vento
pela proa"... Nas pegas duas partes distintas. Uma primeira em que houve
toiros a mais e forcados a menos. Erraram nas primeiras tentativas os caras
(não mandaram nos toiros, sobretudo nas reuniões) e porque eram TOIROS
aprenderam e passaram a lutar com outras “ideias”, sobretudo o terceiro. Na
segunda parte as melhores execuções e mais acertadas remediaram uma atuação
para futuro estudo "caseiro e honesto”, dos três Grupos. Por S.
Manços, João Fortunato à 4ª e de cernelha (numa decisão acertada dadas as
condições físicas do toiro) Manuel Vieira e Paulo Gomes à 1º entrada, sem
problemas. Por Cascais, Carlos Dias à 6ª a resolver e Joaquim Faísco à 1ª, numa
boa pega e com grave fractura do peróneo direito. Por Beja, Miguel Sampaio à 5ª
a resolver e João Fialho muito bem à 1ª, numa pega tecnicamente perfeita e
bonita, como poderia ter sido a maior parte, das da tarde. Se houvesse mais
"toreria" em praça por parte dos Forcados de "cara", para
aproveitar o brilhantismo que a raça dos Passanha Sobral emprestava. Direcção
acertada de Agostinho Borges, coadjuvado pela Dr.ª Ana Gomes, Dª Ana Narciso enquanto
cornetim, embolação e ferragem de Bruno Lopes e abrilhantou a Banda da
Sociedade Filarmónica Capricho Bejense uma corrida com meia casa preenchida.
(toureio.pt 4/05/2015 Nelson Lampreia)