O quarto da noite, um toiro
muito sério, bravo e a mostrar que não estava ali para facilitar. Um toiro que
se arrancava de largo, com pata e investia com seriedade. Um “Pinto Barreiros”
á antiga. Mas que por diante teve um toureiro com raça e valor suficientes
para o lidar e como se diz na gíria “dar-lhe a volta”, apesar de isso ter-lhe custado uma
colhida - pela entrega do cavaleiro mas que em nada tirou mérito á sua actuação. Muito antes pelo contrário,
marcou a diferença entre os que querem ser figura e os que são figuras de pés
de barro, que só sabem lidar “murubes” e afins, e mesmo assim são anunciados como fenómenos.
Marcos Tenório Bastinhas ontem frente a um toiro enraçado e bravo mostrou, ou
demonstrou, o que é o toureio a cavalo e também o que é o querer de um toureiro. Saiu a receber
com o “Capa Negra”, um verdadeiro capote, na forma como se dobra com os
toiros: num palmo de terreno. Citando de praça a praça parte para o hastado cravando
cada cumprido com poder e emoção, onde o público de forma alguma ficou
indiferente. Sai com o “Dardo” para os curtos, todos eles tirados a papel químico, sempre com o toiro a acudir aos cites de praça a praça, o cavaleiro a carregar a sorte ao piton contrário, com os ferros a surgirem com
uma entrega desmesurada, prendendo e cativando a atenção do publico e de quem assistia na
trincheira. O momento de apuro do cavaleiro foi ultrapassado por ele próprio, como se
nada tivesse sucedido, com a sua actuação a rondar um valor e um tremendismo
raro. Fechou com dois pares de bandarilhas cravados com o “Ellora”, o primeiro
a pedido do público, o segundo exigido por este. Foram dois pares que nada
ficaram a dever a muitos bons pares cravados pelo outro Bastinhas; pelo Maestro
Joaquim Bastinhas ao longo das temporadas. Volta com forcado e ganadeiro ao som
de palmas de lei. Ovação de respeito e admiração pelo toureiro e tudo o que fez
na arena, frente a um toiro toiro. Sem duvida um espectáculo agradável o de ontem na praça de toiros do Cartaxo, em que os
mais jovens demonstraram a muitos “velhos do Restelo”, que as figuras são
figuras, mas os jovens: NÃO ESTÃO ACOMODADOS! São toureiros e podem ser
figuras.
Manuel Ribeiro
"Dardo"
"Ellora"
Maestro Joaquim Bastinhas
Noite quente, praça composta
ambiente propício para um bom espectáculo tauromáquico e que acabou por acontecer.
Aconteceu porque os artistas saíram com disposição para a competição e vencerem
os “Pinto Barreiros”, bem apresentados e onde houve um pouco de tudo. O primeiro
da noite, o do Maestro Joaquim Bastinhas, saiu com pata e a carregar na garupa do cavalo no inicio da lide, mas com o
decorrer da mesma foi tardando nas investidas, pegado ao chão, sempre em terrenos dos
médios. O Maestro de Elvas saiu a receber o toiro montando o “Amoroso” e com
sortes bem desenhadas e de largo, cravou a ferragem comprida, seguindo ainda para
os curtos com o “Amoroso”. No entanto começou a faltar toiro e após ter cravado
o primeiro curto entrando recto e nos terrenos do seu inimigo, mudou de montada e foi a vez de o “Tivoli”
cumprir o seu papel. Um curto, um de palmo e um extraordinário par de
bandarilhas: toiro nos médios, frente á porta dos curros e Bastinhas a enche-lo
de cavalo, cravando na crença natural e com reunião cingidíssima. Ovação imediata do
público.