Miguel Alvarenga - "Ontem, hoje e, a atestar pelos que vimos, amanhã e sempre. Joaquim Bastinhas está a cumprir trinta e um anos de alternativa e, simultâneamente, a viver uma das suas melhores e mais sólidas temporadas dos últimos tempos. Não há menino que lhe chegue ainda aos calcanhares e no que toca aos veteranos, está definitivamente sentado no trono, tal a força e a expressão que está a ter esta sua época de 2014.
Quinta-feira passada, no Campo Pequeno, o Maestro elvense explicou ao mundo, já que a corrida estava a ser televisionada para todo o planeta pelas câmaras da RTP, o que é e como é a verdadeira essência e a autêntica dimensão de uma primeiríssima Figura do Toureio. Chegou e venceu, já lá vão praticamente quatro décadas. Mais importante que isso: manteve-se sempre num plano cimeiro, com a jovialidade, a vitalidade, a garra e a verdade da primeira hora. Tristes dos pobres de espírito que, não conhecendo minimamente a História e não tendo vivido, porque nem nascidos eram, os tempos primeiros e toda a gloriosa trajectória de Bastinhas, o pretendem hoje ignorar ou minimizar, como se não fosse ele, na verdade e sem discussão, um dos grandes triunfadores desta temporada e um dos mais importantes cavaleiros do momento, depois de grande parte dos novos que tanto prometiam se terem inexplicavelmente eclipsado e desaparecido de cena, deixando definitivamente em aberto o palco para o regresso em força dos "antigos", afinal os verdadeiros protagonistas deste ano taurino e os que ainda continuam a levar gente às praças.
Quinta-feira, diante de um portentoso e importante toiro de Vinhas - que justificou a volta à arena do ganadero Mário Vinhas - o Maestro Joaquim Bastinhas esteve toureiro da cabeça aos pés. Bregou à antiga, sem quebrar o oponente, toureou de frente com a verdade que foi sempre apanágio da sua brilhante carreira e galvanizou o público, no final da lide, com o sempre esperado par de bandarilhas e o não menos desejado salto do cavalo, adornos que o público adora e se impõem como complementos de uma grande e verdadeira actuação.
O mais espectacular não será o facto de Bastinhas ter toureado como toureou e ter sido triunfador no Campo Pequeno, isso não admira ninguém, isso é, afinal, o pão nosso de cada dia das suas presenças nas arenas deste país; mas antes a pujança, a raça e a vitalidade com que o continua a fazer ao fim de tantos anos e depois de ter competido com tantos companheiros, sem que alguma vez o seu trono e o seu lugar, o seu estatuto de figura única, tenham sido minimamente beliscados ou mesmo ameaçados por quem quer que fosse. Trinta e um ano depois do doutoramento, temos Bastinhas para muitos mais anos - e o resto, meus amigos, são mesmo cantigas..." (Farpasblog - 4/9/2014)
“Ser
ou não ser: eis a questão!” Uma frase feita, um ditado popular, uma questão filosófica;
talvez até existencial. A resposta encontrámo-lo na passada quinta-feira no
campo Pequeno, quando Joaquim Bastinhas recebeu o “Vinhas”, que saiu com ganas
e bravura, não menos que o toureiro de Elvas, que também saiu com ganas, mas de
triunfo e muito valor. Foram minutos que ficarão para sempre na memória
intemporal do tempo. Porque em arte não há passado presente ou futuro: há arte,
pura, original, assim foi o toureio de Joaquim
Bastinhas, na corrida de encerramento da temporada na primeira praça do mundo, no que ao toureio a cavalo diz respeito,
porque evidentemente estamos a falar de toureio
a cavalo e duma figura do toureio a
cavalo, não de rejoneio. Isso são outros trocos e em cêntimos. Bastinhas sabe da importância do Campo
Pequeno, assim como de uma corrida televisionada, do público e dos milhares de
telespectadores que frente ao ecrã estão a seguir o espectáculo, mas acima de
tudo o cavaleiro de Elvas, tem a noção exacta do seu estatuto toureiro, e como
maestro, tal como um general ou um almirante, tomou as “rédeas” do “Amoroso” e
saiu á contenda, que neste caso foi uma contenda de valor, inspiração, rejuvenescida
pois até o “avião” planou descaradamente na cara do “Vinhas”. Mas se de início esteve
“amoroso”, depois deu continuidade á obra, com a rara essência e distinta fragância de “Cartier”,
onde a personalidade de um toureio sugenèris, fez-nos viajar e relembrar os
trinta anitos (que já lá vão), tal a irreverência com que cravou o par. O
tradicional e justificadíssimo desmontar na arena, a fazer roer de inveja até
os que não montam a cavalo, tal a ligeireza e desplante com que o faz. Enfim
tudo isto num só toureiro, que conta já com trinta e um anos de alternativa, e
ultrapassou já em mais de uma dezena, a centena de actuações na arena do campo
Pequeno, estando também já muito perto das cinquentas corridas esta temporada. Uma
questão que se poderia colocar: quem derrubará o “general” Joaquim Bastinhas? Ninguém!
Porque Bastinhas, entrou já na
galeria dos muito poucos, que integram a história do toureio a cavalo.” (Tauromaquia - 4/10/2014 Rosário Vistas)