O grave acidente ocorrido há duas
semanas com o cavaleiro JOAQUIM BASTINHAS catapultou-nos para os últimos quatro
decénios, lapso de tempo em que Manuel dos Santos e o seu fiel colaborador
Manolo Escudero tombaram naquele fatídico Fevereiro de l973, Diamantino Viseu
foi atropelado mortalmente numa passadeira da urbe lisboeta, Roque Silva, pai
do matador Pedrito, Simão Malta, cabo fundador do grupo de Montemor e, também
ele, ganadeiro, Carlos Arruza, César Giron e Juan Pedro Domecq, foram, todos
eles, vítimas do “toiro da estrada”. E, de cada vez que ocorreu uma
dessas colhidas, uma reflexão ganhou corpo, qual foi a de que insondáveis
desígnios foram esses que fizeram tombar nas vias públicas, até antes da altura
previsível, pessoas com um passado, tantas vezes, de dezenas de anos, de
convivência regular e sistemática com o risco,
que outra não pode ser, nem é, a palavra apropriada para caracterizar essa
actividade, a um tempo, fascinante mas perigosa, que representa a criação do
gado bravo. Isto se diz com os olhos postos
fundamentalmente no sector ganadeiro, cujas hostes têm sido dizimadas quanto
baste, que o perigo ali espreita,
não apenas no breve tempo em que se desdobra a lide propriamente dita, mas
também durante todo o período anterior, passível de atingir os cinco anos, logo
após o parto, com a tutela de mães implacáveis na defesa das suas crias…
Está-se a pensar em David Ribeiro Telles, que alternativou Alberto Conde em
cumprimento da promessa feita a Alfredo Conde, quando este lhe saiu ao quite por ocasião de queda em curral
que não estava desactivado…Transitando agora para os nossos
dias, cumpre dizer que há mais toiros em sentido figurado, também eles
causadores de danos avultados, tantas vezes na pessoa de ganadeiros, toureiros
e associados. É o caso, agora, do valoroso ginete alentejano, vítima de
desastre campestre para o qual se não logra plausível explicação, a não ser
pelo recurso a uma coisa chamada Destino, tantas vezes presente no quotidiano
de qualquer um, na vertente de peripécias que atingem as chamadas figuras
públicas, como no caso concreto de que nos ocupamos. No final da manhã do fatídico
dia, as pessoas foram alertadas para o triste evento, mesmo por uma imprensa
que de há muito virou as costas à TAUROMAQUIA, o que prova a popularidade do
insigne Artista, genuíno embaixador do espectáculo taurino. Na hora que passa, com o
estandarte daquela ilustre casa empunhado pelo talentoso Marcos Tenório, que
arrecada triunfos na maior parte das touradas em que intervém, o voto
proclamado, direccionado ao cavaleiro alentejano e a toda a Sua Família, é a
dum total restabelecimento e no menor tempo possível, que a Festa, sem ele, é
mero arremedo daquilo a que nos habituou, nos 32 anos cumpridos desde que ingressou
no profissionalismo pela mão desse génio que se chamou José Mestre Batista.
Vaz Craveiro