Todos
os jovens que querem ser toureiros têm sempre um longo caminho por diante a
percorrer. Um caminho nada fácil, até porque o toureio não concede facilidades,
exigindo muito empenho, dedicação e trabalho. Aliás ao contrário do tradicional
abecedário, em toureio surge primeiro o “T” de trabalho e só depois o “S” de
sucesso. Sempre assim foi e sempre assim será. Apesar dos tempos serem
diferentes, as condições outras e a sociedade em geral, ou no seu todo, ter evoluído,
em toureio existem quatro premissas que se mantêm: ambição entrega, trabalho e valor.
Assim foi com todas as figuras do toureio do passado e do presente. Com os
Maestros. Joaquim Bastinhas não foi excepção há regra e demonstra-o em algumas
imagens com mais de quarenta anos; imagens de um início que o transportam até
aos dias de hoje, passados que vão 31 anos de alternativa, tirada a 15 de Maio
de 1983 em Évora…” o toureio é algo que nos fascina. O público, os aplausos, o
risco, a valentia, a notoriedade seduzem todos os miúdos que querem ser toureiros.
Eu não fui diferente dos outros e desde miúdo foi um ambiente que me fascinou.
Acompanhava o meu pai às corridas e com ele pude privar de perto com alguns
toureiros. Via-o montar a cavalo e por minha casa, passaram sempre também,
cavaleiros e rejoneadores em busca de uma novidade ou reforço para as suas
quadras. De início não tinha bem a noção das dificuldades e do esforço que o
toureio exige. Apenas o sentimento “do bonito que era ser toureiro”. Com o
decorrer do tempo, da aprendizagem e do trabalho árduo… sublinho árduo,
fui conseguindo tourear em praças das aldeias e pueblos aqui da raia.
Felizmente e uma vez mais saliento, tive um apoio imenso do meu pai, que sempre
acreditou na minha ambição e no meu valor. Foram anos duros, em que cada vez
que surgia a oportunidade de tourear, “saía a dar tudo por tudo”, como ainda
hoje o faço porque assim aprendi e guardo, desde essa época: “em toureio não há
facilidades. O toiro não quer saber quem somos. Está ali para acometer e nós
para tourear!”. Depois foi caminhar, uma longa caminhada Primeiro até há prova
de praticante, depois a alternativa, confirmação da mesma e uma luta, uma
ambição e muita força de vontade permanentes por conquistar o meu espaço, o meu
lugar como figura do toureio, assim como mantê-lo. Tudo sempre com muita
paixão, ilusão e espirito de sacrifício. Mentalizado que esta é uma arte que
tudo dá, mas que tudo pode tirar se não a levar-mos com muito respeito, mas
acima de tudo seriedade.” Guardo boas memórias e algumas histórias dos meus
tempos de amador e praticante. Muitas vezes tinha que conduzir o “camião dos
cavalos” --- uma velha Saviem, onde cabiam dois cavalos e para as mudanças
entrarem, tinha que utilizar as duas mãos, para empurrar a alavanca das
mudanças…mudanças!? Que muitas vezes não passavam apenas da primeira e
terceira. Isto para não falar dos garrafões de água, que levava na cabine para
ajudar…o radiador, a não ficar vazio e evitar a consequente “tragédia”, que
isso poderia causar no motor. Recordo-me que numa dessas viagens, tive de
encostar á berma para atestar o coitado do radiador, tendo então passado uns
aficionados, que reconhecendo a camioneta abrandarão, perguntando: “donde está
el torero?” Ao que respondi – “ Vem a caminho. Saiu mais tarde!”. Era este o
espirito da época. Apesar dos muitos sacrifícios, também muita (e ou maior)
ilusão!”
Imagens desses momentos vividos...